Cultura

Exposição ‘Genesis’ de Sebastião Salgado chega ao Sesc Campinas a partir da próxima terça, dia 3/5

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Através de 100 fotografias de oceanos, desertos de gelo e areia, montanhas e selva, mostra traz o que existe de mais intocado no planeta. Exposição gratuita vai até 31/7.

A partir da próxima terça, dia 3 de maio, o Sesc Campinas recebe a exposição “Genesis” do fotógrafo mineiro Sebastião Salgado. A Abertura Oficial da Exposição acontece às 19h com exibição do documentário ‘O Sal da Terra’ de Wim Wenders. Na sequencia, o público terá acesso as obras, que pela primeira vez serão expostas no Sesc Campinas. A mostra, com entrada franca, permanece aberta para visitação de 4/5 a 31/7, no Galpão do Sesc Campinas, de terça a sexta, das 8h30 às 21h30; sábados, domingos e feriado, das 9h30 às 18h.

Árvores-Baobá-(créd.-Sebastião-Salgado)

Composta por 100 fotografias, a exposição apresenta o que existe de mais intocado no planeta. Nas imagens, um pouco da realidade percorrida por oceanos, desertos de gelo e areia, montanhas e selvas ao redor do mundo. Com curadoria de Lélia Wanick Salgado, a mostra retrata os locais visitados por ele e sua equipe, divididas em cinco seções geográficas: Planeta Sul, Santuários, África, Terras do Norte e Amazônia e Pantanal.

Baleia-Franca-Austral-(créd.-Sebastião-Salgado)

Para Sebastião Salgado, “Genesis” foi um grande prêmio que ele ofereceu a si mesmo, como possibilidade de ver o que havia de mais puro, de mais bonito no mundo, mostrando essa gama de texturas que formam o planeta Terra. “Acredito que essa exposição seja um fio condutor, no qual possa mostrar as pessoas uma nova forma de ver nosso planeta, para que a gente aprenda a amar, a respeitar e a protegê-lo. Essas fotos representam o que há de mais puro no planeta e acho que temos obrigação de fazer o máximo para proteger tudo isso, e, quem sabe, juntos, recuperarmos uma parte do que destruímos”, declara Salgado.

Jacarés-do-Pantanal-(créd.-Sebastião-Salgado)

Segundo a curadora Lélia Wanick Salgado, também esposa de Sebastião Salgado, “Genesis” é uma jornada em busca do planeta como existiu, desde sua formação e em sua evolução, antes que a vida moderna se acelerasse e afastasse do núcleo essencial. “É uma busca das paisagens terrestres e aquáticas até hoje intocadas; uma viagem em direção aos animais e grupos humanos que conseguiram escapar das transformações impostas pelo mundo contemporâneo. E “Genesis” comprova que o nosso planeta ainda abriga vastas e remotas regiões onde a natureza reina em imaculada e silenciosa majestade. E estas maravilhas foram encontradas nos círculos polares e em florestas tropicais, em extensas savanas e nos tórridos desertos, em montanhas geladas e ilhas desertas, lugares às vezes excessivamente gélidos ou escaldantes, onde apenas as mais resistentes formas de vida perseveram. Outros recantos tornaram-se lar de animais ou de povos ancestrais cuja sobrevivência depende fundamentalmente do isolamento em que se mantêm. O conjunto forma um esplendoroso mosaico da natureza em toda a sua grandiosidade original. É essa beleza oculta, defendida, protegida que “Genesis” deseja compartilhar. Fazemos um tributo a esse nosso frágil planeta que temos o dever de proteger”, revela a curadora.

“Trazer para perto: dar sentido” – Genesis nas palavras de Danilo Santos de Miranda, diretor regional do Sesc São Paulo.

O que acontece quando a lente da câmera capta imagens que são praticamente inacessíveis ao olhar direto do ser humano? Apesar do espalhamento crescente dos indivíduos pelo planeta, há regiões a que pouquíssimos chegam, nas quais imperam ciclos e ritmos distintos da lógica urbana contemporânea. Existem, entretanto, aqueles que, por motivos variados, vão ao encontro dessas realidades – que se tornaram insólitas na medida em que constituem o outro do nosso mundo.

A expectativa de encontrar visualidades originais é um desses motivos de peregrinação na direção do “quase nunca visto”. Mas, em tempos de proliferação de fotógrafos (todos nós somos, não?), vale indagar o que qualifica um olhar fotográfico, diferenciando-o dos demais. Quando o olhar em questão desdenha rotas conhecidas para se embrenhar por ecossistemas incomuns, a indagação ganha peso. Afinal, é através desse ponto de vista que públicos mais amplos poderão, num segundo momento, vislumbrar aquelas paisagens que milhares de quilômetros distanciam.

As lentes de Sebastião Salgado testemunharam, ao longo das últimas décadas, facetas tão preciosas quando desconhecidas do mundo. E o mundo, por meio de suas fotografias, pôde refletir sobre essas facetas, até então veladas. Isso é especialmente verdade no caso de Genesis, exposição que reúne imagens captadas, de 2004 a 2011, em regiões que permanecem alheias à velocidade vertiginosa das mudanças implementadas pelo homem. Assim como ocorreu nas séries ‘Trabalhadores’ e ‘Êxodos’, Salgado envolve-se num empreendimento de escala global.

A diferença reside no protagonismo dado ao sistema de forças da natureza, no qual vez ou outra aparece o ser humano, em estado de comunhão. Distâncias superlativas, inexistência de meios convencionais de transporte, condições extremas de temperatura, altitude e umidade: os quesitos que nos afastam desses contextos transparecem nas fotografias, metamorfoseados em expressivas gradações de preto e branco. A potência deste trabalho do fotógrafo reside na intersecção entre política, geografia e estética. Há, inscrita nas imagens aqui reunidas – qual alerta –, a incômoda presença daquilo que elas não figuram: o desequilíbrio que rege as relações entre homem e ambiente na maior parte do globo.

O que contemplamos nessas sofisticadas composições é o que conseguiu fugir à regra, ao menos por enquanto. Para o Sesc, realizar a exposição Genesis: Sebastião Salgado – Seleção de Obras é, antes de tudo, um posicionamento de ordem cultural. Isso porque as fotografias expostas, ao mesmo tempo em que representam algo que está longe, apresentam-se em sua vigorosa autonomia artística, sem a qual naufragariam nas duas frentes: não seriam

capazes de presentificar nossos dilemas ambientais caso abdicassem de nos sensibilizar. Nada mais distante do que se pode observar nesta exposição. A itinerância reverbera este impacto quando se aproxima de outros públicos, reduzindo ainda outras distâncias. Ao ampliar a difusão de manifestações artísticas elaboradas a partir de impasses cruciais da contemporaneidade, o Sesc reafirma a cultura como campo de forças, no qual se age na medida da ética e da lucidez.

Península-de-Yamal-(créd.-Sebastião-Salgado)

Mais sobre “Genesis”

Foram aproximadamente 8 anos de trabalho, de 2004 a 2012, em mais de 30 viagens percorrendo todo o globo terrestre. A mostra retrata os locais visitados por ele e sua equipe, divididas em cinco seções geográficas: Planeta Sul (Antártica, Península Valdés, Sul da Georgia, as Falklands/Malvinas, arquipélago Diego Ramirez e as Ilhas Sandwich); Santuários (Ilhas Galápagos, Ilha Siberut – nos arredores da província de Sumatra, na Indonésia – e Madagascar; África (Delta de Okavango – na Botswana, Parque Virunga – na divisa de Ruanda, Congo e Uganda -, Namíbia, Sudão, Botswana, Etiópia, Líbia e Algéria); Terras do Norte (Alasca, Colorado, Parque Nacional Kluane no Canad&aa cute;, extremo Norte da Rússia, Ilha Wrangel, Norte da Sibéria, península Kamchatka) e Amazônia e Pantanal (Pantanal no Mato Grosso, Rio Xingu, Rio Amazonas e seus afluentes no Brasil e Venezuela).

Planeta Sul – Da Antártica, surgem as paisagens congeladas e seus destemidos animais, como pinguins, leões marinhos e baleias, fotografados inclusive em suas zonas de reprodução na Penín sula Valdés. Também estão nessa seção imagens do Sul da Georgia, as Falklands/ Malvinas, o arquipélago Diego Ramirez e as Ilhas Sandwich, onde vivem as numerosas espécies de albatrozes, petréis-gigantes, cormorões e pinguins.

Santuários – Abrindo com as singularíssimas paisagens vulcânicas e a fauna das Ilhas Galápagos, a seção engloba ainda as populações anciãs da Nova Guiné e Irian Jaya, os Mentawai da Ilha Siberut, nos arredores da província de Sumatra, na Indonésia, e paisagens, vida selvagem e vegetação dos diferentes ecossistemas de Madagascar.

Elefantes-(créd.-Sebastião-Salgado)

África – Uma impressionante variedade de imagens do continente apresenta tanto a extraordinária vida selvagem do Delta de Okavango, na Botswana, quanto os gorilas do Parque Virunga, na divisa de Ruanda, Congo e Uganda; do grupo Himba, da Namíbia, e dos tribais Dinkas do Sudão, à população do Deserto Kalahari em Botswana; das tribos do Omo Sul, na Etiópia, às an tigas comunidades cristãs do Norte da Etiópia. Na África, revelam-se espetaculares – e numerosos – desertos, com suas texturas de areia e pedra; alguns são planos, como oceanos, outros estão interrompidos por montanhas áridas. Em algumas imagens capturadas na Líbia e na Algéria, vêem-se sinais de vida: não somente os cactos e roedores, mas igualmente na arte rupestre datada de milhares de anos.


Terras do Norte
– Mostra as visões do Alasca e do Colorado, nos Estados Unidos; as paisagens naturais do Parque Nacional Kluane, no Canadá; estão aqui também o extremo Norte da Rússia, incluindo o local de reprodução do urso polar na ilha Wrangel, a população indígena Nenet, no Norte da Sibéria, e a península Kamchatka, na ponta mais oriental do país.

Amazônia e Pantanal – A enorme floresta tropical, vista do céu, é cortada pelo rio Amazonas e seus afluentes – e o desenho lembra uma gigantesca árvore da vida, com braços e mãos se estendendo do coração do Brasil em direção aos países vizinhos. Seguindo para o Norte para capturar os Tepuis Venezuelanos, as mais antigas formações geológicas na terra, a seção inclui ainda as imagens da vida selvagem do Pantanal no Mato Grosso, da tribo indígena Zo’e, alcançada pela primeira vez há apenas duas décadas, assim como as tribos mais assimiladas do alto Rio Xingu.

sebastiao-salgado

Mais sobre Sebastião Salgado

Nascido em Minas Gerais e hoje embaixador da Boa Vontade da UNICEF, além de membro honorário da Academia de Artes e Ciê ncias dos EUA, Salgado emigrou para Paris com a esposa Lélia Salgado durante a ditadura militar no Brasil. Em suas viagens a trabalho para a África, tomou gosto pela fotografia, sem intenções profissionais, descobrindo dessa forma uma nova e duradoura paixão pelo fotojornalismo. Em 1979, entrou para a Magnum – agência de fotografia criada por Robert Capa e Henri Cartie Bresson. No dia 30 de março de 1981, Salgado estava fotografando uma série sobre os primeiros dias de Ronald Reagen e documentou o atentado a tiros contra o então presidente. Com total exclusividade, a venda das fotos para diversos jornais foi o que financiou seu primeiro projeto de fotografia autoral e documental, uma viagem à África. O primeiro livro publicado “Outras Américas”, aconteceu em 1986. “Homem em Pânico”, sobre a seca no Norte da África, foi lançado no mesmo ano. Em 2000, o artista lançou “Êxodo”.

Pinguins-de-Barbicha-(créd.-Sebastião-Salgado)

Serviço
Exposição “GENESIS” – Obras selecionadas de Sebastião Salgado

Mostra de 100 fotografias do fotógrafo mineiro Sebastião Salgado. Através de 32 viagens por oceanos, desertos de gelo e areia, montanhas e selvas, o artista apresenta o que existe de mais intocado no planeta.
Abertura: Dia 3 de maio, terça, às 19h. Galpão Multiuso do Sesc.
Período de visitação: De 4 de maio a 31 de julho, terça a sexta, das 8h30 às 21h30; sábados, domingos e feriados, das 9h30 às 18h.
Agendamento de grupos: De 4 de maio a 31 de julho, pelo e-mail educativo@campinas.sescsp.org.br.
Classificação etária: Livre.
Local: Galpão Multiuso.
GRÁTIS

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