Cultura

“A Flauta Mágica” é apresentada no Theatro de Paulínia

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A ópera será exibida do dia 28 de setembro a 1º de outubro com entrada gratuita

A ópera “A Flauta Mágica”, do genial Mozart (1756-1791), que tem atravessado séculos com o mesmo encantamento, será apresentada no Theatro Municipal de Paulínia de 28 de setembro a 1º de outubro, de quinta-feira a sábado, às 20h, e no domingo, às 18h. Sob a batuta da regente Cinthia Alireti, participações da Orquestra Sinfônica da Unicamp, da Ópera Estúdio Unicamp, do Coral Unicamp Zíper na Boca e do Coro Contemporâneo de Campinas. A entrada é gratuita, com distribuição de ingressos uma hora antes dos espetáculos.

Orquestra Sinfônica da Unicamp apresenta “A Flauta Mágica” (foto divulgação)

Além da importância artística para a universidade, com “A Flauta Mágica”, o Centro de Integração, Documentação e Difusão Cultural da Unicamp (Ciddic) inicia um projeto que pretende tornar suas produções mais acessíveis ao público com deficiência.
Todas as récitas contam com recursos de acessibilidade, como legenda em português brasileiro atual, que irá proporcionar uma leitura ágil e aproximar o público do texto da ópera – pensada originalmente para atender ao público surdo. Haverá, também, entrada acessível e reserva de lugares para pessoas com deficiência visual, em cadeira de rodas ou com mobilidade reduzida.

“A Flauta Mágica” foi uma das últimas obras escritas por Mozart, em 1791, dois meses antes de sua morte, enquanto escrevia o “Réquiem”, e já se encontrava com saúde debilitada e afligido por grande dificuldade econômica. Mesmo assim, compôs uma peça considerada marco na antologia operística.

Em dois atos, com libreto alemão de E. Schikaneder, trata-se de um Singspiel alemão, gênero musical típico da época, cuja maior característica é a alternância de trechos musicais com o diálogo falado em vez do cantado, além da presença de personagens da cultura popular, como Papageno e Papagena.

Segundo o diretor do Ópera Estúdio Unicamp, Angelo Fernandes, a peça foi influenciada pelos ideais iluministas que buscavam uma maior valorização da visão de um mundo racional, no qual a sabedoria aparecia como elemento fundamental para que houvesse justiça e igualdade entre os homens. “Trata-se de uma ópera de formação que procura ilustrar as dificuldades pelas quais o homem precisa passar para deixar as trevas do pensamento medieval em direção à luz iluminista”.

Do ponto de vista técnico, “é importante notar que Mozart compôs esta ópera baseado nas habilidades dos cantores que atuariam na noite de estreia, incluindo tanto cantores virtuosos quanto atores comuns de
comédia, convidados para cantar na ocasião. Desta forma, alguns personagens são bastante explorados do ponto de vista técnico-vocal como é o caso da Rainha da Noite, enquanto outros, como Papageno e Monostatos são mais explorados cenicamente”, afirma.

Para Fernandes, os elementos musicais e cênicos tornam qualquer montagem desta ópera um tanto complexa, exigindo que os cantores estejam muito bem preparados e sejam rigorosamente dirigidos tanto musical quanto cenicamente. Por outro lado, a textura musical, a orquestração, as características de cada personagem e as linhas vocais aproximam esta obra de jovens cantores, tornando-a adequada para ser executada por alunos de graduação e pós-graduação que, embora estejam em formação, já apresentam o desenvolvimento técnico-musical suficiente.

Fernandes destaca que este tipo de realização é bastante rara no âmbito acadêmico no Brasil. “O projeto de montagens de óperas tem contribuído enormemente com a formação dos alunos de canto da Unicamp que hoje são destaques no cenário lírico nacional, como também em diversos cursos de pós-graduação em Performance nos Estados Unidos e na Alemanha. Além de contribuir com a formação dos estudantes de canto, as montagens colocam a Orquestra Sinfônica da Unicamp em um outro patamar, uma vez que poucas orquestras brasileiras não especializadas neste repertório lírico apresentam óperas na íntegra”.

“Uma fábula encantada, um discurso sobre ideais iluministas ou ainda uma propaganda maçônica escrita no final do século XVIII. De qualquer ângulo visto, ‘A Flauta Mágica’ foi concebida como uma “Zauberoper” (ópera mágica), a ver pelo enredo e personagens – rainha, feiticeiro, princesa, cobra gigante, instrumentos mágicos – com a intenção de quebrar paradigmas. E é através da trama musical que Mozart expressa a maior parte dessas contradições”, analisa a regente Cinthia Alireti.

“É interessante notar”, diz a regente, “como a produção desta ópera tão popular ainda seja surpreendente nos dias de hoje não somente pelo contraste entre a simplicidade e a alta elaboração musical, mas também pela busca de diversas linhas dramático-filosóficas. Talvez a razão para isto seja porque, de acordo com as últimas pesquisas, o libreto tenha sido escrito, de fato, por várias mãos, assim como a nossa montagem”.

Serviço:
Ópera “A Flauta Mágica”
dias 28, 29 e 30 de setembro de 2017, 20h (quinta a sábado);01 de outubro de 2017, 18h (domingo).
Local: Theatro Municipal de Paulínia (Av. Pref. José Lozano Araújo, 1551 – Parque Brasil 500, Paulínia/SP). Telefone: (19) 3933-2140.
Entrada gratuita. Retirada de ingressos com uma hora antes dos espetáculos.
Pessoas com deficiência: ópera com recursos de acessibilidade disponíveis, mediante reservas pelo formulário: http://tinyurl.com/aflautamagica
Classificação indicativa: 12 anos.

Álvaro da Silva Júnior

Jornalista, Fotógrafo e profissional de Marketing e Comunicação Integrada.

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