Editorial

Até quando?

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“Quem não se comunica se trumbica”.
A frase dita repetidas vezes pelo “velho guerreiro Chacrinha”, que realça a importância de saber se comunicar, ecoa sempre que nos deparamos com ruídos na comunicação. A palavra ruído, em comunicação, é tudo aquilo que prejudica a compreensão ou interfere a ponto até mesmo de distorcer o conteúdo da informação. Mas, a cada dia que passa, diante do que autoridades da república ecoam aos quatro cantos das redes sociais e veículos de comunicação tradicionais, questiono o famoso bordão da comunicação.

É surpreendente como essas autoridades tiram proveito desses ruídos e os transformam em plataforma política. É tão surpreendente quanto, o fato dessa forma de se comunicar ganhar a adesão de quem diz combater a hipocrisia do politicamente correto. A incoerência é flagrante. Se o politicamente correto, na visão de quem o critica, produz exageros, distorções, inversão de valores, etc, o que dizer quando alguém potencializa preconceitos, injúrias, mentiras e institucionaliza a violência verbal? O politicamente incorreto deve agora ser nossa referência?

Quando a maior autoridade da república responde a uma pergunta objetiva de jornalistas com comentários desrespeitosos sobre uma profissional, gera riso entre apoiadores e asco entre pessoas das mais diversas correntes partidárias, ou seja, ele comunica e se trumbica ao mesmo tempo.

Comunica seus valores, sua ideologia, intenções e formação humana (ou desumana). Se trumbica não só entre os “fanáticos do outro lado”, como ingenuamente proclamam alguns, mas entre pessoas de bom senso, equilibradas, de boa índole, que desejam uma liderança autêntica sim, mas igualmente responsável, ciente de que a liberdade de dizer exige a consciência do que dizer e como dizer.

Seus apoiadores desculpam qualquer destempero de palavras, gestos ou atos com a justificativa de que antes havia corrupção e roubalheira. Fecham os olhos para o cinismo que fundamenta e alimenta o vale tudo na política, na polícia, no parlamento e na comunicação. Até quando?

Álvaro da Silva Júnior

Jornalista, Fotógrafo e profissional de Marketing e Comunicação Integrada.

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