Licença para matar. As leis que ampliam o uso e porte de amas, seja no campo ou na cidade, revelam a necessidade mais primitiva do homem, a de defesa. Mas, elas também revelam a falência da defesa coletiva, aquela representada pelas leis que garantem direitos e regulamentam deveres. Contra essa falência, porém, não há armas que cheguem, nem mesmo as nucleares. Quando vamos nos preocupar com os valores que têm nos norteado e nos levado a buscar nas armas a solução para todos os problemas? Seja no campo ou na cidade, como a crescente licença para matar vai amenizar ou reagir à altura de bandidos, cada vez mais sofisticadamente organizados e armados? O que os move? Seria mesmo a falta de reação armada individual? Por que a distribuição de renda, que aumentou no Brasil recente, não diminuiu a criminalidade? São perguntas que deveriam estar na linha de tiro dos blindados governantes. Elas são o alvo que arma nenhuma tem conseguido mirar, porque são desviadas convenientemente da mira de quem prefere andar pelo campo ou pela cidade iludido pela tão proclamada “sensação de segurança” que a arma oferece. No faroeste nosso de cada dia, segura mesmo, só a indústria do armamento, que ganha a cada dia mais licença para matar.
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