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Tudo pronto(ou quase) para a inauguração do Teatro Castro Mendes

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fotos: Álvaro Jr

 

Após muitos anos de espera, a população de Campinas vai poder contar com mais um ponto de cultura. O Teatro José de Castro Mendes, finalmente hoje (05/12) reabre suas portas para uma vasta programação que se inicia com a Orquestra Sinfônica de Campinas fazendo uma homenagem ao mais ilustre compositor de óperas das Américas, o campineiro Antonio de Carlos Gomes.

Funcionários da prefeitura trabalham para terminar os últimos detalhes e limpeza do predio.

Victor Hugo Toro – Diretor artistico e Regente titular da Orquestra

Desgastado pelo tempo e sem que a devida manutenção fosse realizada, o prédio do Castro Mendes – adaptado do antigo Cine Casablanca na Vila Industrial – sofreu os males inerentes ao descaso. Fechado em 2007 por não oferecer mais condições seguras ao público e aos artistas, sua reforma passou por várias fases, todas elas demoradas, sem soluções práticas e adiando para um futuro cada vez mais distante a tão desejada volta às funções normais.

Claudio Natal Orlandi – Engenheiro responsável

A reforma total do Castro Mendes teve investimentos de cerca de R$ 10,3 milhões. Os detalhes da obra englobam a nova fachada, por exemplo. Ela foi toda desenhada pensando não apenas na mudança estética, mas remetendo à história da cidade e utilizando de simbologia para representar a cultura. As ranhuras existentes logo na parede da janela de entrada foram projetadas a partir da malha ferroviária e viária da região. “Antigamente, a linha férrea dividia a cidade em duas: a parte central, rica e branca, e a parte operária, depois da linha férrea, com os negros e imigrantes, que inclusive tinham seu próprio cemitério na área onde está atualmente o teatro”, explica Cláudio Orlandi, engenheiro responsável pela obra.

“Ali foi construído um cinema – o Casablanca – que, depois, foi transformado no Teatro Castro Mendes. O espaço cultural acabou sendo a conexão entre esses dois ‘mundos’ diferentes naquela época, e resgatar isso é respeitar a história do lugar e da região onde ele está inserido”, ressalta ele.

A única janela existente na fachada do novo prédio também tem significado. O arquiteto responsável pelo projeto, Otto Felix, pensou nela como uma conexão entre o mundo lúdico (o próprio teatro) com a realidade, já que a janela servirá de luz natural para o “foyer” (área interna do teatro, antes de se entrar na plateia).

Cubos amarelos na parede ao lado da entrada principal serão o ponto de partida para a criação de iguais modelos em outras regiões da cidade, fazendo uma espécie de “conexão cultural” entre pontos diferentes de Campinas, todos remetendo ao novo teatro, onde a cultura campineira teve boa parte de sua história vivida. Três desses cubos estarão na Praça Corrêa de Lemos, em frente ao teatro, totalmente revitalizada também pelo atual governo.

Dentro, o Castro Mendes impressiona não apenas pela grandeza do espaço, mas também pela preocupação com os mínimos detalhes. Inicialmente, a plateia contará com 770 lugares e, entre eles, poltronas adaptadas para deficientes e para obesos, conforme determina a legislação.

A iluminação – tanto da plateia quando cênica – será mais eficiente e mais econômica. Os equipamentos de som e a mesa de som digital também são de última geração e estão entre as novidades do novo teatro. Toda a acústica interior foi projetada e executada sob a consultoria de José Augusto Nepomuceno, responsável por projetos acústicos em diversos espaços culturais brasileiros, como por exemplo, dos teatros municipais de São Paulo e do Rio de Janeiro.
O ar condicionado central tem tecnologia “inteligente”, pois controla o gasto energético enquanto climatiza o ambiente. O equipamento é tido como sustentável, já que não emite gases prejudiciais à camada de ozônio.

Os camarins, novos e confortáveis, serão em número de oito. Um deles terá acessibilidade 100%, inclusive para o palco, através de uma plataforma mecânica. Dois outros serão maiores (coletivos) para serem utilizados por grupos. Todos contarão com espelhos iluminados com luzes embutidas e frias, gerando melhor rendimento sem risco de acidentes.

Renata Sunega – Secretária de Cultura de Campinas

A reforma da Castro Mendes e da Praça Corrêa de Lemos, localizada em frente ao teatro, devem servir como indutor de melhorias para a região. O próprio comércio já começa a sentir a diferença e deve investir também para melhora o aspecto geral daquela parte da histórica

Para o prefeito Pedro Serafim, devolver o Castro Mendes para Campinas se tornou uma obrigação desde o primeiro dia de seu curto mandato. Mesmo alertado para os problemas, exigiu esforço total de sua equipe para que as reformas fossem feitas com o máximo rigor e os prazos estabelecidos cumpridos integralmente.
“Campinas não podia mais ficar sem uma casa de espetáculos teatrais à altura de sua importância no cenário nacional. Uma cidade que já foi referência cultural não podia continuar nessa situação. Desde meu primeiro dia como prefeito, afirmei que entregaria o Castro Mendes reformado, para devolver à nossa cidade sua condição de polo cultural.

Serafim fez questão de comentar a paciência da população pela espera do término da obra. Foram cinco anos sem o teatro e com a praça se deteriorando. “Agora, com tudo pronto e devolvido à população, esperamos que ela se aproprie do espaço que vamos deixar qualificado e pronto para as mais diversas manifestações artísticas”.

Por fim, o prefeito cumprimentou os que trabalharam pela obras: “Com a reinauguração, posso dizer que todos nós, desde o mais humilde ajudante ao mais credenciado técnico, estamos de parabéns. Cumprimos nossa promessa, mas, muito mais que isso, a cidade pode começar a se orgulhar novamente de seus espaços culturais”, afirmou Serafim.

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