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Profissão de Sucesso!

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por Eli Borochovicius

Muitas pessoas demonstram certa apreensão com a profissão que estão seguindo e compreensivelmente incertezas quanto às perspectivas de crescimento nas empresas em que atuam. Além disso, surge dúvida quanto à coerência da remuneração financeira que a profissão oferta. São ávidas pela possibilidade de fazer fortuna, mas esquecem de um componente extremamente importante: a felicidade pessoal.

Toda profissão exige estudo, dedicação e comprometimento. Para ser um bom administrador, advogado, contador, economista, engenheiro, médico, pedagogo, químico ou qualquer outro profissional, é importante que participe de congressos, leia sobre a profissão, conheça as novas descobertas e desenvolva o seu trabalho com prazer.

É importante que o profissional goste do que faz e sinta-se motivado a desenvolver as suas tarefas, encontrando a felicidade que o realiza como ser humano. É certo que, assim como o bônus, cada profissão carregue também algum ônus e, portanto, é imprescindível que haja tolerância nos momentos menos compatíveis com o perfil do profissional.

A boa remuneração do profissional não depende exclusivamente da capacidade técnica de realizar tarefas. Existem outros componentes como a disponibilidade do profissional para as oportunidades, capacidade de lidar com as dificuldades que surgem, gestão de pessoas, destreza com o uso das ferramentas, dentre outros.

Como brasileiro gosta muito de futebol, talvez facilite a compreensão com uma analogia aos jogadores. Existem bons jogadores, cuja remuneração é bem convidativa e jogadores não tão brilhantes, muitos dos quais, atuam em clubes sem expressividade. Para ser um jogador de sucesso, não basta fazer grandes jogadas, precisa comparecer aos treinamentos táticos e físicos, trabalhar com os seus pares, respeitar as decisões tomadas pelo seu técnico, confiar na equipe médica, remunerar o empresário adequadamente e estar disponível para mudança de país, alguns cuja adaptação cultural se faz extremamente necessária. Treinamentos em dias de chuva, jogos aos finais de semana, atendimento à imprensa e à torcida, muitas vezes pouco cordial, também são afazeres do jogador em destaque. Alguns ônus como cirurgias e ausência familiar também são comuns para quem segue a profissão de jogador de futebol. Ainda que tenha habilidade, talvez não seja a profissão ideal para aqueles que buscam garantir um final de semana tranquilo com a família, apenas como exemplo.

O sucesso profissional pode então estar diretamente relacionado com a realização individual e consequente perfil pessoal, motivo pelo qual é interessante que enquanto jovem, faça um teste de vocação profissional e procure um orientador educacional.
Muitas pessoas seguem a profissão exclusivamente para agradarem aos familiares e amigos ou manterem seu status social, mas não são realizados. A paixão pelo que se faz pode garantir a satisfação das necessidades de reconhecimento, elogio, aprovação, independência e auto-realização.

Se o indivíduo não se sente confortável com o que faz, os dias simplesmente passam sem sentido e os finais de semana e férias parecem curtos. Se o sujeito não é feliz com o seu trabalho, talvez tenha passado o tempo de refletir sobre o seu projeto de vida e decidir por uma mudança que possa trazer sentido à sua existência.

Perguntaram-me se vale a pena ser professor. Respondi que vale a pena ser qualquer coisa que lhe permita ser feliz. Não me faltaram convites para assumir posição no mundo do trabalho, mas a academia me permite liberdade de expressão, discussão aberta, desafio intelectual e consequentemente, felicidade. Recusar ofertas financeiramente tentadoras em detrimento à felicidade não é uma escolha fácil, mas madura, sensata e assertiva.

Eli Borochovicius
Professor de finanças, empresário, palestrante e colunista.

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